
Não se trata de ufanismo, mas os brasileiros possuem qualidades que os recrutadores norte-americanos valorizam. Vejamos o caso de uma aluna que foi aceita em dez universidades ao escrever uma redação sobre feijoada ou o de um estudante que compôs uma música para expressar sua paixão pelo rock. Embora ambos tenham tido um bom desempenho nos exames, foi a criatividade aliada a uma história autêntica que os diferenciou.
As redações e entrevistas funcionam como cartões de apresentação, nos quais os candidatos têm a chance de destacar suas vivências, interesses e a experiência de crescer em um país em desenvolvimento. Ao assumirem o protagonismo de suas trajetórias, nossos estudantes ganham destaque.
O Brasil, com sua diversidade cultural e seus contrastes, proporciona uma riqueza de referências e uma capacidade de adaptação valiosa. Frequentemente, recebemos jovens que superam desafios econômicos e estruturais todos os dias. Moisés, por exemplo, caminhava quase duas horas para ir ao colégio em Crato, no Ceará, e foi aceito com bolsa na prestigiada Universidade de Duke. Mariana vendia brigadeiros para pagar seu curso de inglês. Daniel usou sua paixão pelo futebol como diferencial. Relatar essas histórias durante o processo seletivo demonstra resiliência e adaptabilidade, qualidades altamente valorizadas pelas universidades norte-americanas e que enriquecem suas comunidades acadêmicas.
Outro fator crucial na admissão é a escolha estratégica das universidades. Eventos como a Feira EducationUSA, que acontece no próximo dia 03 em São Paulo, são uma oportunidade para se conhecer o perfil das instituições e avaliar se há alinhamento com os objetivos do aluno. Tive um orientando que foi aceito em quatro universidades com bolsa porque pesquisou a fundo, foi realista e estratégico nas candidaturas. Como resultado, embarca para os EUA no início de agosto.
Atualmente, o Brasil é o 9° no ranking de países que mais possuem alunos em universidades norte-americanas. Números do relatório Open Doors 2024, o censo oficial da educação internacional nos EUA realizado pelo Instituto de Educação Internacional norte-americano, mostram que o Brasil passou da décima para a nona posição entre as nações que mais enviam alunos para universidades norte-americanas. O país aparece no ranking com 16.877 mil alunos em instituições de ensino. Em 2023, havia 16.025 brasileiros em instituições de ensino estadunidenses.
O ranking, encabeçado pelos dois países mais populosos do planeta – Índia e China – situa o Brasil à frente de México, Japão, Reino Unido, França e Alemanha. Flórida, Califórnia, Nova Iorque, Massachusetts e Illinois são os estados cujas instituições mais recebem brasileiros.
Curiosamente, 42% dos alunos brasileiros arcam com seus próprios estudos, enquanto 58% conseguem bolsas ou financiamentos por meio de instituições de ensino, empresas, governos e organizações privadas. Com mais de 3.800 universidades nos EUA, há uma grande variedade de perfis e custos. Os community colleges, por exemplo, oferecem cursos de dois anos com mensalidades mais acessíveis, permitindo que os alunos transfiram créditos para universidades de 4 anos e concluam seus estudos com um diploma emitido pela instituição final. Além disso, há inúmeras opções de bolsas de estudo — por mérito, habilidade artística, desempenho esportivo ou necessidade financeira.
A melhor estratégia para contornar barreiras financeiras é realizar uma análise criteriosa das universidades e suas políticas de auxílio financeiro. Pesquisar detalhadamente, contar com uma boa orientação e adotar uma abordagem pragmática são fatores decisivos para uma candidatura bem-sucedida.
Ao longo do mês de abril, acontece a Feira das Universidades Americanas 2025 em diversas cidades do país. Para se inscrever na Feira EducationUSA, gratuitamente, acesse: https://educationusa.org.br/
Por: Simone Ferreira, orientadora do EducationUSA, órgão do governo norte-americano para estudos nos EUA.