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Um ano letivo sem telas 

Como equilibrar restrição e educação para formar jovens mais responsáveis no uso dessas ferramentas? 

O avanço das tecnologias digitais trouxe o celular para o centro da vida de crianças e jovens, tornando-o um companheiro constante. Com a aprovação da Lei 15.100/25, que proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas, o debate sobre a tecnologia na educação ganha nova relevância: como equilibrar restrição e educação para formar jovens mais responsáveis no uso dessas ferramentas? 

A proibição do uso de celulares nas escolas pode ser uma medida estratégica e necessária para proteger o ambiente educacional e assegurar o foco dos alunos. Embora os dispositivos móveis tenham papel fundamental no mundo digital, seu uso desregulado em sala de aula frequentemente gera mais prejuízos do que benefícios. 

Pesquisas mostram que o uso indiscriminado de celulares está diretamente relacionado a problemas como distração, dificuldades de concentração e impacto nas interações interpessoais, além de aumentar a ansiedade. Esses fatores comprometem o desempenho acadêmico e dificultam o desenvolvimento de habilidades socioemocionais essenciais para a vida em sociedade. 

Ao restringir os celulares, as escolas promovem um ambiente mais propício à aprendizagem, onde as distrações são minimizadas e os alunos podem desenvolver habilidades sociais sem a constante interferência de notificações ou redes sociais. Ainda que os dispositivos tenham potencial pedagógico em determinados contextos, seu uso irrestrito torna difícil garantir que sejam aplicados exclusivamente para fins educativos. Assim, ao estabelecer limites, as escolas reafirmam seu papel de espaço dedicado ao ensino e ao desenvolvimento integral dos estudantes. 

O impacto da tecnologia no aprendizado é evidenciado em dados recentes. Segundo o Pisa 2022, 65% dos estudantes da OCDE relataram distrações causadas por dispositivos digitais em aulas de Matemática, número que ultrapassa 80% no Brasil. Já o Pisa 2024 apontou que alunos que utilizam tecnologia de forma moderada (uma a cinco horas diárias voltadas à aprendizagem) obtêm melhores resultados. Por outro lado, aqueles que gastam mais de uma hora por dia em atividades digitais de lazer apresentam desempenho acadêmico significativamente menor. O impacto é claro: alunos que dedicam cinco a sete horas ao lazer digital têm, em média, 49 pontos a menos em matemática, mesmo considerando fatores socioeconômicos. 

Esses dados mostram que a proibição do uso de celulares no espaço escolar é uma medida necessária para conter os impactos negativos do uso indiscriminado. No entanto, a proibição não pode ser o único caminho. É preciso garantir que ela seja acompanhada de um esforço de reflexão, formação de professores e diálogo com as famílias. Esse esforço deve preparar a escola e os estudantes para compreender os prejuízos do uso desregulado e reconhecer os benefícios que o uso pedagógico e direcionado pode trazer. 

Com ou sem proibição, os celulares continuarão presentes na vida dos alunos fora da escola. O desafio da educaçãoo no século XXI vai além de banir dispositivos: ele passa pela capacidade de repensar práticas e reeducar para o uso responsável da tecnologia. A proibição é uma resposta eficaz para minimizar os danos imediatos, mas também nos convida a uma reflexão mais ampla sobre como formar jovens que saibam usar a tecnologia de forma ética e equilibrada. 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe como uma das competências gerais a formação de estudantes que sejam capazes de “agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários”. Portanto, a proibição é um passo importante, mas a educação deve seguir promovendo o equilíbrio: ensinar quando e como usar a tecnologia para que ela seja uma aliada no aprendizado e na construção de um futuro mais humano e consciente. 

Por: Meire Bacci – Coordenadora Pedagógica na Parceiros da Educação Rio, responsável por mentoria pedagógica nas escolas da rede pública carioca. 

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